Fundo estimula crescimento de startups capixabas de tecnologia

29/09/2023 09h30 - Atualizado em 29/09/2023 10h55

Hoje, o maior ecossistema de startups do Brasil é Santa Catarina, que é do mesmo tamanho que o Espírito Santo. Especialistas da área acreditam, porém, que se seguir a trilha de aceleração que tem traçado, o Estado tem tudo para ocupar essa primeira posição e se tornar referência nacional em inovação no país.

E um dos responsáveis por isso é o Fundo Soberano (Funses), que foi criado pelo Governo do Estado com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável e servir de poupança intergeracional. O Funses conta com recursos financeiros provenientes da indústria do petróleo.

É uma iniciativa inédita no Brasil e se diferencia por se tratar de um Fundo Soberano gerido por um Estado, algo que é inédito nas Américas. Outros Estados que também recebem royalties de petróleo, gás ou mineração já estão avaliando a possibilidade de criarem fundos soberanos, tamanho é o impacto positivo e a repercussão que este projeto vem trazendo.

“O objetivo principal do Fundo Soberano é criar uma rota de diversificação da matriz econômica do Estado usando o dinheiro do petróleo e do gás, um recurso que é finito, para criar riqueza a longo prazo para o Espírito Santo. Isso não só tem acontecido, como temos atraído empresas de tecnologia de fora daqui que se integraram ao ecossistema local trazendo uma intensa troca de experiências e conhecimentos que enriquecem e fortalecem o cenário empresarial do Espírito Santo”, explica Felipe Marcondes de Mattos, diretor de Venture Capital da TM3 Capital.

A TM3 Capital é a empresa responsável por fazer a gestão do Fundo de Investimentos e Participações (FIP) do Funses1, que é coordenado pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes). Este fundo é um dos maiores da categoria no país, com aporte de R$ 250 milhões para acelerar e investir em empresas nos próximos 10 anos, passando por todos os estágios da jornada de desenvolvimento.

Com um ano de operação do FIP, dezenas de empresas capixabas foram aceleradas e investidas, causando um impacto direto no fomento das companhias locais de tecnologia.

Uma dessas startups é a Converta, que faz a conversão de sites em aplicativos. CEO e fundador da empresa, Alexandre Moreira conta que entre o começo e o final da aceleração, no ano passado – o programa tem duração de três meses e a startup é acompanhada por cinco anos, a empresa aumentou em 12 vezes o tamanho.

A Converta é capixaba, tem sede em Vila Velha e tem uma equipe de oito pessoas, entre prestadores e colaboradores. No momento, está com vaga aberta para contratação. “Este ano estamos tendo um crescimento médio de 20%”, informou Moreira, que classifica a experiência no processo de aceleração do FIP como “incrível”. “Tenho certeza que foi uma das melhores experiências que eu já tive nesse sentido. Eu sou um defensor de carteirinha desse programa. O FIP é excelente para o Estado. A gente sabe que o sistema de inovação do Espírito Santo tem tudo para ser um dos maiores do Brasil.”

A empresa, que tem apenas um ano, tem clientes em sete países. “É uma empresa do Espírito Santo que está atendendo um mercado internacional. Com o tempo, a gente passa a ter um valor de mercado que chama atenção das grandes como Google e Locaweb”, aposta o CEO.

Aceleração

Outra empresa capixaba que está colhendo resultados positivos após passar pela aceleração e receber investimentos do FIP Funses 1 é a Actiz, uma startup que produz software para gestão de laboratório para controle de qualidade.

A empresa participou da primeira turma de aceleração, em junho do ano passado. “A Actiz nasceu em 2017 e a gente nem se posicionava como startup. A gente era uma empresa de dois sócios. Fomos ao Bandes buscar capital de giro em 2022, e eles nos apresentaram o programa do Funses”, ressalta o CEO da empresa, Ramon Spinassé.

De acordo com ele, a aceleração transformou completamente a história da Actiz. “Muda a forma da empresa se comportar da porta para dentro e da porta para fora. Para dentro a gente fala em gestão, em tratamento com o colaborador, a gente fala em cultura, valores e, da porta para fora, é como a gente oferece o nosso produto, como abordar o mercado.”

Segundo Ramon, o aporte financeiro foi interessante, mas a aceleração “foi extremamente mais importante. Ela mudou a nossa história”.

Ramon disse ainda que antes de passar pelo processo, a Actiz era avaliada em R$ 6 milhões, depois da aceleração, está em R$ 15 milhões, em menos de um ano.

A empresa saiu de oito colaboradores, antes da aceleração, para 18 e está em ascensão. De acordo com Ramon, o escritório hoje tem porte para 30 funcionários e a Actiz já conta com grandes empresas entre os clientes, tanto do Espírito Santo, como de outros estados e de outros países.

Aprendizado

Quem passou recentemente pelo programa de aceleração do FIP Funses 1 e segue uma trajetória de sucesso é a Switch, uma startup capixaba que produz um aplicativo que conecta prestadores de serviços a empresas que precisam contratar no ramo de alimentação.

“Foi muito aprendizado. No dia a dia a gente não consegue analisar os processos dentro da empresa e a aceleração possibilitou isso. Foi uma experiência de aprender sobre a gestão do nosso negócio, detalhar estratégias e os próximos passos. Foi muito bom passar por esse processo”, comenta Robson Vesper, CEO e fundador da Switch.

Ele explica que, após passar pela aceleração, a startup teve crescimento no número de oportunidades para os profissionais. “Conseguimos aumentar bastante as vagas disponibilizadas para esses profissionais. Através do app, os profissionais, de maneira 100% gratuita, conseguem ter acesso a essas oportunidades, se candidatar. Ajudamos mais de 5 mil pessoas na região Sudeste e a nossa meta é chegar a 100 mil famílias”, destaca o CEO.

Já a Fisarmonica, uma startup que oferece uma escola de música on-line, passou pelo processo de aceleração no final do ano passado.

“No processo de aceleração a gente trabalhou muito a questão da organização da empresa, buscando elevar o nível de maturidade. Quando a gente negociou com o Funses já era uma empresa que gerava caixa e o investimento veio a somar no crescimento e serviu para estruturar os pilares de alavancagem do negócio”, pontua Rodolfo Vidal, CEO da Fisarmonica.

Ele conta que do final do ano passado para o primeiro trimestre deste ano a startup dobrou o número de vendas mensais e agora inicia um plano ainda mais agressivo de crescimento. A empresa capixaba atua nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia e Rio Grande do Sul. RS é o seu maior mercado consumidor.

A equipe conta com 15 funcionários e a expectativa é dobrar o time até o final do ano, além de empresas terceirizadas que ajudam nesta jornada. “Além de trazer mais maturidade para as empresas locais, o FIP Funses atrai empresas de fora e, com certeza, ao longo do tempo vamos perceber o crescimento do ecossistema de tecnologia e inovação no nosso Estado”, salienta Vidal.

Texto: Kikina Sessa

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